segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Etc e tal... Ou o que vier primeiro.

E eu, que sempre quis o dom do discernimento,
me pego torcendo pelo acaso...
Não queria ter nas mãos decisão mais delicada.
Me posiciono sobre a linha tênue do certo/errado
esperando algum vento soprar mais forte e me pender para um dos lados.
Só queria alguém para culpar pelos meus possíveis erros.
Dividiria até a glória pelas escolhas mais acertadas, tamanho o medo do equívoco.
Pois é, consciência... Nesse mormaço não tem vento certo.
Somos só eu, você e a indecisão.
Essa danada que me pesa nos ombros
e me impede de dar qualquer passo torto ou direito.
Só nós.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Açúcar, afeto e outros vícios

Traí-me.
E fiz disso recorrente.
Como o calhorda arrependido prometo ser a última.
Como esposa submissa aceito esperançosa as minhas desculpas.
Fiz disso recorrente,
um ciclo vicioso de promessas quebradas, meu coração partido e repartido.
Olhos mel, olhos terra, olhos mar, olhos meus.
E tudo assim, ao meu ver, exatamente simples,
ternamente cabível.
E inconcebível.
Perdão viciado.
Prometi não mais prometer-me.
Aceito, por fim, a dupla condição de calhorda e submissa.
Fecho os olhos e preparo, com açúcar e com afeto, aquele doce,
aquele para tentar me segurar em casa...
Mas qual, o quê?!
Só hei de prová-lo quando voltar, pronta para pedir novamente as minhas
tão sinceras quanto recorrentes desculpas.

domingo, 16 de outubro de 2011

Marrom.

Castanhas. Brincam, desenvoltas, em volta das pupilas, as iris.
E tudo gira, então, desde que entrei naquela brincadeira.
Castanhos. Castanhos e ondulados. Como um mar de marrom num dia frio.
Os fios emaranham-se em desarranjos quase líricos.
E tudo se perde, então, desde que escutei aquela música.
Um brilho juvenil açoita-me o juízo,
penitência para uma vida desregrada, pobre de mim.
Autoflagelação desnecessária... Aquela que abandonara tempos atrás.
Risco, acendo, olho.
E o circo enfim começa a queimar.
Numa frase incerta a consolidação do maior medo.
Numa resposta certa, a certeza do engano inicial.
Mergulho, sem frio, no mar de marrom.
Girando e perdida.
Encaro as castanhas iris em busca de respostas (ou das perguntas certas, será?)
para talvez descobrir, por fim, como pude entrar
e como sair incólume desta tão arriscada quanto deliciosa brincadeira.
Enquanto caminho sem as respostas ou perguntas certeiras,
vou me enchendo de castanhos,
me perdendo nos castanhos.
Um dia, quem sabe, eu me encontre novamente, ou não.

domingo, 2 de outubro de 2011

Arritmia

De ferro; de fardo; de fato
refaço meus passos, passeio co[mum do] mundano.
De aço meu laço, te caço.
Tamanha insutileza do carinho do desamor mais bonito.
E ainda acho que encaixo um verso sem rima
(poeta de dentro não vê desarranjo fora).
Mas aquela mulata que ginga um gingado,
daqueles que se aprende no balanço dos tumbeiros;
ritmicamente desconsertante, concertante até;
só pede um pouco mais de canto,
pro encanto do meu pranto,
esse do laço de aço, não parecer desafinado.