segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Noturno

Agarrei-me aos cabelos da noite e a trouxe para mais perto de mim.
Imbricamo-nos de tal forma que se mostrou impossível uma desassociação dos dois seres.
Eu era a noite e a continha, a noite me era e continha.
Adormecemos juntas, exaustas e satisfeitas.
Quando acordei ela não mais estava, partira da mesma forma que chegara:
sorrateira, silenciosa e imprevisível.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Azucrim

Te deixo ir.
Mentira.
Te faço crer que te deixei ir.
Uma farsa deveras interessante: tu vais crendo que te deixei, eu não te deixo sabendo que tu vais.
No final das contas tu vais.
E eu cá fico. 
Eu e esse aperto fino no peito.
Pulsos cerrados para não sucumbirem ao desejo de te tomar pelo braço e te prender em mim.
Lábios mordidos para não sucumbirem ao desejo de clamar pela sua permanência.
"Ne me quitte pas"
ressoando como ecos roucos em minha cabeça perdida.
Nada digo.
Foi.
Deixou para trás um rastro de memórias, 
um cheiro doce que tão logo deixará a cabeceira da minha cama assim como você o fez, 
mas que jamais sairá de minh'alma tal qual essas lembranças de sol...
De chuva...
Eu não fui. Eu nunca vou. Não consigo ir.
"Dejavù"
A porta está aberta, entre sem bater quando voltar.
Azucrina. 
Se livra dos confetes, das sandálias e do passado.
Se puder deixar o medo a gente fica mais feliz.
"Je t'aime"
Desse jeito, do meu jeito, confuso.
Vai, vive, volta.
Eu não deixo, mas minto que sim.
Você sabe que eu não deixo, mas finge que não.
Vermelho,
traz pra mim um monte de vermelho quando voltar.
Você se foi e deixou um preto sem fim.
Eu gosto mesmo é de marrom.