quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Monólogo do verdadeiro eu (A poesia sem rima, sem verso e sem cara.)

Parece que estou, por ora, mais perto de mim. Às vezes me permito esquecer que sua presença me afasta do meu eu e me aproxima dessa outra pessoa que nos une, a mim e a ti. Esse elo misterioso e desconhecido que vive nas profundezas do meu ser. Ouso dizer que sequer ele se conhece. Um rosto diferente de todos que já se viram, que por jamais se defrontar a um espelho não se reconheceria nem nas mais nítidas fotografias. Ainda me questiono intermitentemente (naqueles momentos em que consigo conversar comigo, só nós duas) sobre como pude deixar essa criatura viver tanto tempo em mim sem que fôssemos formalmente apresentadas. - Quanta falta de educação - me respondo. Parece que a primeira pessoa a conhecê-la, a ver seu rosto, a sorrir para o seu sorriso foi você. A primeira e única até então. Droga! Eu queria tanto que você me conhecesse... Tem tanta coisa que eu queria te dizer, que eu queria te mostrar, que eu queria que você soubesse... Mas basta que você se aproxime e eu fujo de mim. E eu me repreendo, juro! -O que há com você? - me pergunto. Nada adianta. Eu fujo para muito distante de mim, e te deixo só com o elo. Com a pessoa misteriosa que nos liga. Ela sim é corajosa, não foge. Afinal, não conhece o próprio rosto, os próprios defeitos. Quem não se conhece não teme o desconhecido. Mas o dia está chegando em que me apresentarei a esse outro ser que vive em mim e talvez, assim, ele me ensine algumas coisas. Quem sabe ele me leve até você, já imaginou? Talvez possamos sair os três, e eu, enfim, consiga te dizer todas essas coisas que só te digo de longe; quando estou sozinha comigo; e te mostrar também o meu sorriso, te ouvir falar... Tenho certeza que o outro ser vai entender, ele me protege, ele cuida de mim. Ele não se conhece mas me conhece. Podemos ser amigos, eu e o outro ser, ele pode ser não somente o elo que me liga a você, ele pode se tornar o elo que me liga a mim. Genial! Precisamos nos conhecer urgentemente! Eu e esse outro ser, oculto, que vive em mim e que está perto de ti todas aquelas vezes em que na sua presença, eu, covarde, temerosa de qualquer coisa imprecisa,  parto em debandada.

Nenhum comentário: